Hoje é dia de valorizar a prata da casa e trago para vocês o artista mineiro Daniel de Carvalho e seu projeto AKIRA.

Contudo, algumas preliminares são necessárias. O De Segunda é um projeto que nasceu de uma ideia minha, mas que sem a ajuda e as dicas do Daniel, talvez não teria vindo ao mundo da forma como eu gostaria. E o Daniel, soube traduzir em imagens a ideia e o espirito de buteco para o blog, criando assim toda a estética deste cantinho virtual. Além disso, nossa amizade vem de longa data e o que já fizemos de projetos juntos não tá no gibi. Na verdade está sim, pois já escrevemos uma HQ, fiz o prefácio de uma das edições do Garoto SIlver Tape (um de seus quadrinhos), participei do selo Maritaca, revisei alguns de seus textos e bem, acho que vocês já entenderam.

Daniel de Carvalho – formação e obra

Formado em Belas Artes pela UFMG e com exposições no Brasil, Argentina e Espanha, a produção do Daniel é bastante intensa e perpassa por técnicas como pintura, gravura, xilogravura e fotografia. Sempre dialogando com questões cotidianas e políticas, suas obras comungam esses dois temas de uma forma, que por si só já daria um post por aqui. E digo isso, pois elas provocam uma reflexão sobre o estar aí no mundo e os diferentes modos de se re-interpretar. Seja retratando a relação com nossos corpos, na série corpo-árvore, ou a forma como nos relacionamos com nossas cidades, em Cyclisme jet’aime, o que se percebe é o ser em movimento, livre, num eterno ato de se revolucionar. E como se não bastasse, nas suas horas vagas, o Daniel ainda é marceneiro e designer.

Mas o De Segunda é um blog de quadrinhos e outros objetos que permeiam esse universo, então estava um pouco complicado de prestar os meus devidos agradecimentos. Só que aí, eis que ele me surge com esse incrível projeto e bem, é Akira, é um mangá, então tá tudo certo.

Akira

AkiraBem, para quem não conhece, Akira é um dos mais importantes mangás e marcou o gênero cyberpunk. Criado por Katsuhiro Otomo e publicado entre 1982 e 1990, num total de 6 volumes, a obra ganhou uma adaptação para o cinema 1988. O filme marcou uma geração e tornou-se instantaneamente um clássico. Sem falar que a película tem umas das cenas mais referenciadas, como você pode ver nesse link aqui, e uma das jaquetas mais sensacionais que um personagem poderia vestir.

A história de Akira se passa em Neo-Tokyo, nome da cidade após a 3ª Guerra Mundial, e acompanhamos uma gangue de motociclistas formada por adolescentes rebeldes que tem na figura de seu líder Kaneda e de seu “caçula” Tetsuo, os protagonistas da trama. Levantando questões sociais como o poderio do Estado e sua militarização, a corrupção, o cientificismo e a alienação da juventude, a obra traz uma mensagem muito forte quanto aos rumos que a combinação desses fatores pode nos levar.

Daniel e seu Projeto Akira

Tendo todo esse pano de fundo, vem o Daniel e faz uma releitura certeira de um dos elementos mais icônicos do filme: o símbolo da jaqueta de Kaneda. E o faz quebrando a quarta-parede ao trazer toda a rebeldia do personagem para as ruas de nossas cidades, dialogando diretamente com o seu trabalho em torno do poder de transformação das bikes no convívio com nossas metrópoles.

Cristalizada em adesivos, posters e camiseta, a interpretação do artista mineiro é uma bonita homenagem ao espírito cyberpunk do longa-metragem, pois o futuro já chegou e precisamos tomar de assalto as vias e recuperar o nosso direito a pólis. E porque não fazer isso bem vestido? Ou então relembrando o porquê de certas atitudes no sofá de casa ou até mesmo recodificando a cidade espalhando a mensagem: good for health, bad for capitalism.

Ficou curioso para ver a releitura? Quer saber quando os produtos vão ser lançados? Para todas essas respostas basta seguir o Daniel lá no Instagram. E mais um detalhe, uma parte da grana arrecadada com a venda dos produtos será destinada a hospitais que cuidam de crianças com câncer.

Então vão lá e conheçam mais sobre o projeto AKIRA e outras obras do artista mineiro e meu amigo Daniel de Carvalho.

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Autor: Thiago de Oliveira

Há mais de duas décadas lendo e colecionando quadrinhos. Tem mais da metade do que gostaria e menos do dobro do que queria ter. Não dispensa um pão de queijo, um café e uma cerveja.

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