Ficha Técnica

Noites de Trevas: Metal 2 - De Segunda
Capa de: Jim Lee

Noites de trevas: Metal 2
Autores: Scott Snyder (roteiro), Greg Capullo (arte), Jonathan Glapion (arte-finalista) e Francisco Plascencia – ‘Fco’ (cores). Joshua Williamson (roteiro), Carmine Di Giandomenico (arte) e Ivan Plascencia (cores). Frank Tieri, James Tynion IV (roteiro), Riccardo Federici (arte) e Rain Beredo (cores). Sam Humphries (roteiro), Ethan Van Sciver (arte) e Jason Wright (cores).
Preço: R$ 20,90
Editora: DC Comics / Panini.
Publicação: Julho/2018.
Número de páginas: 116 páginas.
Formato: Americano (17 x 26 cm) Colorido/Lombada quadrada. Capa cartonada.
Gênero: Super-heróis
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Sinopse: Correndo contra o tempo para desvendar os segredos dos metais, as medidas adotadas pelo Batman vão se tornando cada vez mais desesperadas. O que por fim, coloca-o em rota de colisão com a Liga da Justiça. Mas o sucesso de sua empreitada pode representar o início do fim do Multiverso como o conhecemos.

Entrada

E cá estamos no segundo volume da saga mais rock’n’roll do ano passado e se no primeiro volume estávamos em um crescendo de uma longa introdução (algo como o que acontece em Bela Lugosi’s Dead do Bauhaus), aqui os riffs de guitarra aceleram e nos vemos em algo bem mais hardcore.

Acelerando o enredo, o que observamos em Noites de trevas: Metal 2 é um deslocamento do modo detetivesco para o modo aventura do personagem. E não exagero não. Mas vamos com calma que no caminho eu te explico.

Como no primeiro volume, este segundo encadernado é composto por diferentes HQs que são:

  • Noites de trevas: Metal 2;
  • Batman – A morte escarlate em Cavalgando o Raio;
  • Batman – A máquina assassina em Metal Pesado;
  • Batman – O destruidor da Luz em Medo do escuro.

Desta forma temos a continuação da saga e a apresentação dos três primeiros Cavaleiros das Trevas. Aqui também irei analisar as quatro HQs de forma independente. Desse modo podemos ter uma visão mais apurada do segundo capítulo da saga.

 

Noites de trevas: Metal 2

Abrindo a história temos novamente passagens do diário de Carter Hall e que nos servem como um lembrete: Metal é sim uma tragédia. A tragédia de um homem disposto a ir às últimas consequências para solucionar um mistério escondido nos sussurros do Multiverso. O interessante dessa abertura é que Carter Hall está falando de Krona, mas apesar disso suas palavras remetem diretamente às ações do Batman. O que cria um interessante paralelo entre os personagens.

Noites de Trevas: Metal 2 - De Segunda
Arte de: Greg Capullo

Mas como disse anteriormente, aqui a palavra de ordem é ação e o único momento que teremos de uma maior digressão são nestes primeiros quatro quadros da história. De restante, o que teremos é ação. E neste começo o que temos é toda a Liga da Justiça em uma caçada pelo Batman através do globo, enquanto misteriosos símbolos do morcego surgem por todo o planeta.

O preparo do Batman

Durante a caçada somos lembrados mais uma vez do tão famigerado preparo do Homem Morcego. Mesmo atuando entre os seres mais poderosos do universo, ele é capaz de subjugar e ludibriar qualquer um. Tudo isso graças aos seus extensos ardis e planejamento.

Noites de Trevas: Metal 2 - De Segunda
Arte de: Greg Capullo

Todo este preparo, pede ao leitor de Noites de Trevas: Metal 2 um pouco de paciência quanto ao nível de descrença na leitura.

Mas nem o homem mais perigoso da Terra está preparado para enfrentar os terrores que o cercam vindos dos estranhos metais com quem teve contato. E por se ver despreparado, o Batman sente medo. Medo este que leva ao pânico. E o pânico nos leva a medidas desesperadas, que por fim nos levarão a queda.

Este medo que assola nosso Cruzado de Capa advém dos asseclas de Barbatos concluírem o ritual intitulado “O Manto”. Recapitulando, Kendra Saunders contou a Liga que para Barbatos acessar o nosso mundo ele precisava de um portal humano. Algo que funcionasse como um contraponto cósmico. E para servir a este propósito, a pessoa deveria ser exposta a cinco metais divinos. Bem, o Batman já foi exposto a quatro desses cinco metais:

  • Electrum – quando ele se perdeu no labirinto das Corujas;
  • Dionísium – após lutar até a morte com o Coringa;
  • Promécio – para se reconstituir e recuperar suas memórias;
  • Metal Enésimo – ao usar a máquina criada com a ajuda do Lanterna Verde e de Duke no volume passado.

Noites de Trevas: Metal, crises e o Multiverso

E o Batman não está sozinho dentro deste movimento. Novamente reunidos os Imortais também tecem planos para deter o avanço de Barbatos sobre o Multiverso. A forma encontrada não poderia ser mais radical: utilizar o cérebro astral do Anti-monitor como uma bomba para destruir a Pedra de Eternidade e aniquilar de vez todo o Multiverso das Trevas.

E se tínhamos dúvidas quanto estarmos diante de uma nova Crise, as menções a Krona e ao Anti-Monitor as dissipam de vez.  E convenhamos, não haveria como não ser uma nova Crise né? Afinal, estamos diante do surgimento de um novo Multiverso com implicações diretas na cronologia da editora.

E para os leigos ou os não tão iniciados assim no continuum espaço-temporal da DC eu vou deixar aqui o link do podcast do Confins do Universo explicando o que é a Crise nas Infinitas Terras onde surgem essas duas figuras tão importantes para se entender o que é e como funciona o Multiverso.

Medidas drásticas

Voltando a nossa história, é por temer ser exposto ao quinto metal que Batman foge de seus companheiros da Liga. Optando por uma medida extrema e com a ajuda de Sandman, ele encontra a tumba do Príncipe Khufu – a primeira encarnação do Gavião Negro – onde é confrontado pela Mulher Maravilha e pelo Superman. Seu plano? Voltar ao passado com ajuda da sanção ômega e enfrentar Barbatos no início dos tempos. Um plano suicida, como nos lembra Diana, pois voltar ao passado e derrotar Barbatos implica em ser obliterado da história.

Noites de Trevas: Metal 2 - De Segunda
Arte de: Greg Capullo

Mas como em toda tragédia, o destino do Batman já está selado. Seu plano o levou até a armadilha final e cercado pelos Strigydae, os altos sacerdotes de Barbatos, e por membros da Corte da Coruja (a tribo de Judas) vê seu medo tomar forma. O manto é concluído e ele afunda no multiverso das trevas dando lugar a Barbatos e seus arautos. Fechando assim, em Noites de Trevas: Metal 2, a tragédia anunciada desde o primeiro volume.

O deus sombrio e seus emissários são apresentados em uma splash-page para ninguém botar defeito. E nela podemos ver as Batman com Aquaman, Apocalypse, Cyborg, Coringa, Mulher-Maravilha, Flash e Lanterna Verde. E ela só não é a melhor cena de Noites de Trevas: Metal 2, pois há outra splash page arrebatadora no volume. Então puxe uma cadeira, respire fundo que agora iremos conhecer suas origens!

 

Batman – A morte escarlate em Cavalgando o Raio

Em uma história tensa, o primeiro dos Cavaleiros das Trevas a ter a sua origem narrada é o Morte Escarlate – mescla do Batman com o Flash. Narrada pela dupla Joshua Williamson e Carmine Di Giandomenico, a história é um show de referências. Temos elementos de vários eventos retrabalhados de forma a tornar mais crível o embate entre Barry e Bruce.

Começamos a história em meio a Crise nas Infinitas Terras: céus vermelhos, universos que nunca deveriam existir. Algo familiar, mas ao mesmo tempo deturpado e que reflete a decadência deste Multiverso sombrio.

Outra inspiração para este duelo entre os personagens é o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. Digo isto, pois o embate não é somente físico, mas também ideológico. De um lado temos o otimismo e a esperança de Barry e do outro a dor e a obsessão de Bruce. Além disso, os apetrechos e a forma como se dá a luta é bem parecida com a da clássica HQ.

Os medos de Bruce

Envelhecido e mais uma vez assolado pela perda, o Batman de Joshua e Carmine é um ser amargurado e que vê na Força da Aceleração a resposta para todos os seus problemas. Para ele, o Flash é indigno de tal poder ao não fazer tudo o que esta ao seu alcance. E entenda, para o Batman desta realidade, tentar é modificar a linha temporal quantas vezes forem necessárias. A história é curta, mas bastante intensa e o clímax do duelo entre os heróis é algo digno de qualquer capa de death metal.

Se os cavaleiros das trevas são inspirados nos maiores medos de Bruce Wayne, o Morte Escarlate é a representação do medo de falhar com seus entes queridos. É o medo de mesmo após todo o seu preparo, não estar à altura daqueles que ama. E quem não gostaria de poder estar em dois ou mais lugares ou voltar no tempo para salvar ou rever aquele ente querido?

Este sentimento, o de perceber que é falho como todo ser humano, é expresso nos seguintes quadros e nos lembra o quanto o Batman é um ser marcado pela dor.

Arte de: Carmine Di Giandomenico

Outro ponto alto do personagem é a sua estética. A armadura criada por Bruce após roubar a força da aceleração e aqueles morcegos acompanhando o seu deslocamento ficaram simplesmente sensacionais. O que torna esta história a segunda melhor origem de Noites de Trevas: Metal 2.

 

Batman – A máquina assassina em Metal Pesado

Com arte de Riccardo Federici e roteiro de Frank Tieri e James Tynion IV, esta terceira história apresenta o cavaleiro das trevas Máquina Assassina. Fusão entre Batman e Cyborg.

Noites de Trevas: Metal 2 - De Segunda
Arte de: Riccardo Federici

Em uma das terras paralelas do Multiverso sombrio, Alfred é cruelmente assassinado por um grupo de vilões do Batman. Após invadirem a bat-caverna Crocodilo, Arlequina, Duas-Caras, Homem de Barro e Bane espancam Alfred em busca da identidade secreta do Batman. Após o espancarem, Bane quebra sua espinha, revisitando uma das cenas mais clássicas da cronologia do Detetive Encapuzado.

Após ver seu pai adotivo ser morto Bruce revela a Victor os Protocolos Alfred – uma inteligência artificial criada a partir da mente de seu pai adotivo. Pensada para que desta forma, Bruce possa mantê-lo presente mesmo após a sua partida.

Com o objetivo de proteger Bruce, ao serem ativados os protocolos passam a se comportar como uma verdadeira Skynet. Para os protocolos, os vilões de Gotham e posteriormente a própria Liga da Justiça e a humanidade, são ameaças a Bruce. Assim sendo, a solução mais lógica torna-se o extermínio de todos.

A arte de Federici é o ponto alto, não só da trama, mas de todo esse segundo encadernado. Com cenas de tirar o fôlego e uma splash page impressionante dos Cavaleiros das Trevas. Uma das melhores cenas em Noites de trevas: Metal 2.

Noites de Trevas: Metal 2 - De Segunda
Arte de: Riccardo Federici

Batman – um órfão

Noites de Trevas: Metal 2 - De Segunda
Arte de: Riccardo Federici

Como já venho batendo nessa tecla em algumas outras resenhas, o Batman é alguém profundamente marcado pela perda dos pais, um órfão que se culpa por ter sobrevivido e que busca por uma aprovação que nunca virá. Todos os seus medos giram em torno do ocorrido no beco do crime e o Máquina Assassina reflete a faceta da perda.

Ao perder Alfred, Bruce é incapaz de lidar com seus sentimentos e com isso se entrega ao vazio. Tanto que ao ter seu corpo assolado pelo vírus dos protocolos Alfred, o primeiro procedimento realizado pela inteligência artificial é extirpar a dor desse vazio obliterando seus sentimentos.

Tudo isso faz com que a trama seja algo fora da curva em Noites de Trevas: Metal 2. E por enquanto é a melhor origem de um cavaleiro das trevas até então.

 

Batman – O destruidor da Luz em Medo do escuro

Chegamos a história que fecha Noites de trevas: Metal 2 e não posso dizer que encerramos de forma primorosa. Narrando o surgimento do Destruidor da Luz, a fusão do Batman com o Lanterna Verde, Sam Humphries (roteiro) e Ethan Van Sciver (arte) nos entregam a mais fraca das três origens contadas até então.

Recontando o assassinato dos pais de Bruce, Humphries insere o anel dos Lanternas Verdes nesse momento tão icônico. O anel vê em Bruce a capacidade de superar o medo, tornando-o apto para se tornar o novo guardião da Terra. Contudo, o que havia ali naquele momento não era superação, mas fúria condensada. Tomando posse do anel, o que vemos a seguir é a perversão de duas regras emblemáticas.

Noites de Trevas: Metal 2 - De Segunda
Arte de: Ethan Van Sciver

Da dor a raiva

Focado em um Bruce Wayne totalmente irado, a trama poderia funcionar como um interesse contraponto ao Batman como o conhecemos. Alguém que transmutou sua dor em uma cruzada pela justiça, para que nenhum outro inocente sofra o que ele sofreu. Entretanto o que temos é um roteiro insosso e que exagera na brutalidade das cenas com o único objetivo de tentar chocar.

Noites de Trevas: Metal 2 - De Segunda
Arte de: Ethan Van Sciver

Entregando uma história que não sabe para onde ir, o roteiro de Humphries deixa algumas perguntas sem respostas. O que aconteceu com Alfred? E os outros heróis, onde estão? A história não se esforça para aprofundar o personagem e apesar da arte de Ethan Van Sciver estar afiada em alguns momentos, ela não consegue sustentar a história.

Para não dizer que não há um ponto alto na origem deste terceiro cavaleiro das trevas, destaco o momento de seu surgimento. Nele Humphries faz uma interessante releitura do juramento da tropa dos Lanternas Verdes e consegue resumir muito bem o personagem.

Fecha a conta

Acelerando o ritmo nesse segundo volume Snyder, Capullo e equipe finalmente entregam o início da saga Metal. As cenas finais envolvendo Batman, Superman e Mulher-Maravilha são apavorantes. Ver a trindade indefesa frente a Barbatos é algo impactante e mostra o nível da ameaça ao Multiverso.

Além disso, as origens dos cavaleiros das trevas comprovam o pesadelo que será a saga. E existe algo pior do que se ver frente a frente com seus maiores medos materializados. O mais interessante de Noites de Trevas: Metal 2 é como ela nos mostra como seria se não houvesse mais esperança para o Homem-Morcego e para aqueles que ele inspira. O que torna a saga algo grandioso e intimista.

Nota: 3 de 5

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Autor: Thiago de Oliveira

Há mais de duas décadas lendo e colecionando quadrinhos. Tem mais da metade do que gostaria e menos do dobro do que queria ter. Não dispensa um pão de queijo, um café e uma cerveja.

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